Quem tem medo do silêncio?
O silêncio não é fácil. Chegamos
a um ponto em nossa sociedade moderna, em que a quietude e a tranquilidade são
vistas como práticas que precisam ser evitadas. Vivemos no mundo do barulho, da
correria desenfreada, das pessoas agitadas e com os “nervos à flor da pele”. O
excesso de informações, ruídos e sons humanos invadem a vida. Assim, mais do
que nunca, vamos nos distanciando de nós mesmos, e perdendo a condição de
mantermos livre o espaço necessário para a contemplação, para a meditação e
reflexão.
Muitas pessoas fogem do
silêncio porque não suportam a falta de ruídos, e as pausas. Não sabem estar sem
ter o que fazer, e também não toleram a
ausência de pessoas. Muitas não aguentam mais que o minuto regulamentar para
homenagens fúnebres e logo ficam inquietas, impacientes, e precisam cantar,
falar, ligar a TV, ou colocar os fones nos ouvidos, ou estão permanentemente conectadas, interagindo através do smartphone. Muitos casais
sentem-se desajeitados e não conseguem passar um tempo juntos num silêncio cúmplice
e amoroso. Nessa sociedade ensurdecedora o silêncio incomoda, enlouquece e
oprime.
O silêncio geralmente é visto como
algo negativo, como mera ausência de som. Mas o silêncio, ou, os silêncios,
podem variar em quantidade e qualidade, podem ser espontâneos ou estratégicos,
voluntários ou forçados, quentes ou “frios como uma pedra”, normais ou
patológicos. O fato é que o silêncio é também positivo e necessário, e um sábio
mestre. É importante aprender a ouvir o silêncio, embora muitas vezes é difícil
interpretá-lo. O silêncio é uma forma de comunicação que pode e deve ser
aprendida.
Na música, o próprio silêncio tem
ritmo, e são tão importantes quanto o som. As pausas são as figuras que
representam os momentos de silêncio na música, e o músico conta estes silêncios com o mesmo
valor que têm as notas que produzem o som. Toda música tem sua pausa, e nós
também precisamos de pausas. A vida necessita do silêncio da pausa.
O silêncio é psicoterápico. É
importante que paremos por alguns instantes da correria estressante para estarmos
tranquilos e quietos, e ouvirmos apenas a nossa voz interior despertando
sentimentos, harmonizando desejos, abrindo perspectivas, favorecendo o equilibrio
emocional e afetivo, e o autoconhecimento. É a solidão necessária.
O silêncio pode parecer um
vazio terrível, uma assustadora escuridão. Esse vazio só é preenchido com a
consciência de si mesmo. É em silêncio que podemos fazer incríveis mergulhos
para dentro de nós mesmos, e nos possibilitarmos então, para incríveis viagens
para fora de nós.
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Eliana Bess d'Alcantara - CRP 05/33535
1 comentários:
Muitas vezes as pessoas se incomodam pq gostamos tanto do silencio....
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